segunda-feira, 23 de junho de 2014

Catarse

Aconteceu. Aconteceu o que ela sabia que iria acontecer cedo ou tarde. Aconteceu o que ela postergava ao máximo. Após sete anos ela não experimentava a dor da partida definitiva. A dor da despedida. A dor de saber que por mais que ambos os lados jurem suas vidas que a amizade não acabará, ela irá gradualmente afrouxar, como dois cordões. Quando os dois lados esticam, o nó está bem forte. Na cabeça dela o problema está em cada um seguir a sua vida como tem que ser, continuar na rotina, conhecer novas pessoas, voltar a malhar, trabalhar, estudar e encontrar tempo para namorar. Diferentemente do outro lado, ela sabia que promessas não são suficientes - e nem a vontade. Pois a vontade dela era ficar, deixar ser amada por ele, curtir suas amizades, estudar e trabalhar. O que quase ninguém entendia, porém, é que ela estava incompleta, aliás, era sempre um copo a ser preenchido. Quando tinha amigos, não tinha família. Quando finalmente tem a família, não tem amigos.
Incrivelmente, porém não surpreendentemente, após 8 mudanças, está aparentemente mais forte, não chorou no primeiro mês. A partir do segundo, chorava escondido, até dormir. À noite sonhava com a vida que deixou para trás e que queria continuar. De dia, enfrenta a realidade.
Encontra uma maneira de sorrir, de viver com certa paz interior, em conformidade com suas próprias escolhas. Não pode culpar ninguém pela sua infelicidade, assim como a felicidade que, quando vem, não depende de alguém, mas só dela. Seu avô bem que dizia: 

A felicidade não existe, o que existe são momentos felizes.