quarta-feira, 25 de setembro de 2013

É mãe, tá difícil viver a vida e suas intermitências. Um vai e volta de sentimentos e pessoas. Você sabe que eu sempre fui dessas de maquiar os meus sentimentos. Por isso escrevo, ao invés de fazer um interurbano. A verdade é que quando eu abro a boca para falar dos meus conflitos, os sentimentos me vêm redobrados e eu começo a chorar daquele jeito criança que você conhece.
Estou começando a achar que, apesar de tudo, essa sua ausência constante é um condicionamento para quando eu tenha que morar sozinha, em breve. Assim como as ausências do papi durante minha infância me prepararam. Sofrerei pela metade. Mas confesso que fica cada vez mais difícil fazer o jogo do contente.
O sentimento de não-pertencimento e de insuficiência me consomem. Não se preocupe, mami. É só uma fase.
Ademais, gabaritei Marketing de novo hoje. E acho que fui bem na prova de História da Arte. Quem sabe se eu tivesse um "namoradinho", como você costuma dizer, eu não iria ter essas satifações. Também tive uma entrevista de estágio. Estou me esforçando para ser alguém na vida, porque o conhecimento é algo que ninguém pode tirar de mim. Já esse meu jeito de ser, acho que esta constantemente se construindo e desconstruindo. Cada pessoa com quem converso - colegas, amigos, professores, caixa do supermercado, sem-teto da praça, entrevistadora, cobrador do ônibus - me acrescentam algo, ainda que minimamente.
Eu realmente quero ser alguém e estou me esforçando para isso.
Quero ser alguém como você ou o papi, ou o meu avô ou avózinha.
Te amo.
Com carinho.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Eu te odeio

Eles disseram que fica mais fácil, mas eles mentiram
Ela me olha e diz: "eu vou ficar bem",
Mas então ela desvia o olhar para que eu não a veja chorar
E isso é quando eu me pergunto
Como é que eu vou ser tudo o que eles esperam que eu seja quando eu me sinto tão sozinho
Porque eu deixei meu coração em casa
 Se você sente falta de mim, eu estou apenas a um telefonema de distância
Por favor, seja forte, seja forte para mim
Eu preciso de você para mostrar como mudar o meu interior
Seja forte, seja forte para mim!

Morte

Mataram o amor dentro dela. E a paixão por si igualmente morreu. Antes cabeça erguida, agora cabisbaixa e olhar tímido. Como quem não quer ser notado. E, por não se amar, ninguém a ama.
Alma gélida. Contato desconfiado. Olhar assustado. Como um animal do mato, que foge ao desconhecido. Foge de novos lábios, novas mãos, novos laços. Ela não quer o novo. Ela quer o que nunca terá outra vez, se é que algum dia teve, se tudo não passou de ilusão de menina. Ela quer as mesmas palavras apaixonadas proferidas impulsivamente; a mesma sensação ao ser tocada; o mesmo sorriso que descobriu; a mesma felicidade de sentir-se única... Ah, a felicidade! Ela morreu.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Coisas que me lembram você

Amor. Filmes de amor. Hematomas na minha perna. Piercing no septo. Morte. Vacas mortas. Celtas. Ed Sheeran. Screamo. Paquecas. Gustavo Borges. O fantastico mundo de Bob. Bob Esponja. Aranhas. Donnie Darko. Cinemark. Sair com outros caras. Estacionamento do Carrefour. Meu celular silencioso.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sobre a tragédia que abalou o Brasil porém não a mídia

Nossa presidente, com a voz embargada e após cancelar encontros políticos, decretou luto em todo o Brasil. Quando a tragédia em Santa Maria aconteceu eu fiquei abalada. Poderia ter sido eu e meus amigos lá dentro. Poderia ter sido eu e meu irmão, da vez em que saímos para nos divertir juntos, eu pensei. Todos aqueles jovens tinham família, amigos e vidas pela frente. Mas, depois de passado o estado de choque, comecei a convalescer e a pensar com mais clareza. Pessoas compartilhavam fotos das pessoas mortas (e empilhadas) na boate Kiss; divulgavam vídeos no Youtube sobre o acontecido; o Fantástico não estreou o novo programa do Dráuzio Varella para interrogar as vítimas (ou parentes) que sobreviveram; na uol, fotos de familiares derramando lágrimas sobre os caixões. E eu percebo que tudo isso se tornou um grande ESPETÁCULO MÓRBIDO. O proveito sensacionalista que estão tirando do acontecido. Ninguém deixa as famílias dos falecidos sofrerem EM PAZ.  Não existe mais respeito. Eles merecem isso, eles merecem paz e tranquilidade e não jornalistas que os assediem. A mídia os assedia. Claro, quando o FURO DE REPORTAGEM está em jogo, o que mais importa? O mais deplorável de tudo é que as pessoas gostam de um espetáculo. Querem ver os vídeo do youtube, as fotos de cadáveres, os perfis das vítimas no facebook e como elas eram. Quantas dessas pessoas oram à noite e pedem pela tranquilidade dos espíritos e das famílias? QUANTAS? A Presidente Dilma é outra. Milhares de pessoas morrem todos os dias nos corredores dos hospitais pela falha do sistema de saúde do nosso país e eu pergunto: ELA CHORA POR ESSAS PESSOAS TAMBÉM? DECLARA LUTO NACIONAL POR ELAS? A resposta: NÃO! Estou revoltada com a hipocrisia do ser humano. Nessas horas lembro do anel de Giges e de como o poder corrompe. Dilma Rouseff, que lutou pelo nosso Brasil na ditadura e pagou caro por isso, agora TRAI seus ideais e carrega um anel invisível.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Sobre a depressão

Acontece que me irrito por vê-la naquele estado inercial deprimente. Faz o almoço todo bonitinho porque o marido vem comer, mas quando ele volta pro trabalho, ela volta pra cama. Ela deita e não sai de lá. Já peguei ela várias vezes deitada de olho aberto. Pergunto: "Ué se não tá com sono então porque tá aí deitada? Vá fazer alguma coisa!". Ela só responde "Não tenho vontade" ou então "Tô pensando na vida". É claro que ela faz muito por mim. Acordava cedinho só pra me fazer o café da manhã antes de eu ir pra escola. Isso é só uma das milhares de coisas que ela fazia/faz por mim. Comecei a valorizá-las na ausência dela. Quando fui obrigada a fazer todas as coisas que ela fazia todo dia por nós. E o que eu descobri? Bom, não me restava tempo para ver minhas séries da Warner, sair com meus amigos e cuidar de mim mesma. Então eu, na minha iludida felicidade, achei que tinha encontrado a solução. "Vá cuidar de si mesma!" eu dizia. "Você faz tanto por nós mas o que você faz por você mesma? O que você gosta de fazer? Vá e faça." Percebi que não é assim tão fácil. Porque adultos têm sofrimentos acumulados por tantos anos, coisas da vida que eles não podem mudar e isso os deprime. Quando jovens, sonham alto e viram adultos frustrados. Já deixei de me queixar secretamente "Será que e meu irmãos não somos motivo suficiente para a felicidade dela?" mas isso é egocêntrico demais. E eu amadureci.


Desculpe
Estou um pouco atrasado
Mas espero que ainda dê tempo
De dizer que andei
Errado e eu entendo
                  Nando Reis