terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sobre a tragédia que abalou o Brasil porém não a mídia

Nossa presidente, com a voz embargada e após cancelar encontros políticos, decretou luto em todo o Brasil. Quando a tragédia em Santa Maria aconteceu eu fiquei abalada. Poderia ter sido eu e meus amigos lá dentro. Poderia ter sido eu e meu irmão, da vez em que saímos para nos divertir juntos, eu pensei. Todos aqueles jovens tinham família, amigos e vidas pela frente. Mas, depois de passado o estado de choque, comecei a convalescer e a pensar com mais clareza. Pessoas compartilhavam fotos das pessoas mortas (e empilhadas) na boate Kiss; divulgavam vídeos no Youtube sobre o acontecido; o Fantástico não estreou o novo programa do Dráuzio Varella para interrogar as vítimas (ou parentes) que sobreviveram; na uol, fotos de familiares derramando lágrimas sobre os caixões. E eu percebo que tudo isso se tornou um grande ESPETÁCULO MÓRBIDO. O proveito sensacionalista que estão tirando do acontecido. Ninguém deixa as famílias dos falecidos sofrerem EM PAZ.  Não existe mais respeito. Eles merecem isso, eles merecem paz e tranquilidade e não jornalistas que os assediem. A mídia os assedia. Claro, quando o FURO DE REPORTAGEM está em jogo, o que mais importa? O mais deplorável de tudo é que as pessoas gostam de um espetáculo. Querem ver os vídeo do youtube, as fotos de cadáveres, os perfis das vítimas no facebook e como elas eram. Quantas dessas pessoas oram à noite e pedem pela tranquilidade dos espíritos e das famílias? QUANTAS? A Presidente Dilma é outra. Milhares de pessoas morrem todos os dias nos corredores dos hospitais pela falha do sistema de saúde do nosso país e eu pergunto: ELA CHORA POR ESSAS PESSOAS TAMBÉM? DECLARA LUTO NACIONAL POR ELAS? A resposta: NÃO! Estou revoltada com a hipocrisia do ser humano. Nessas horas lembro do anel de Giges e de como o poder corrompe. Dilma Rouseff, que lutou pelo nosso Brasil na ditadura e pagou caro por isso, agora TRAI seus ideais e carrega um anel invisível.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Sobre a depressão

Acontece que me irrito por vê-la naquele estado inercial deprimente. Faz o almoço todo bonitinho porque o marido vem comer, mas quando ele volta pro trabalho, ela volta pra cama. Ela deita e não sai de lá. Já peguei ela várias vezes deitada de olho aberto. Pergunto: "Ué se não tá com sono então porque tá aí deitada? Vá fazer alguma coisa!". Ela só responde "Não tenho vontade" ou então "Tô pensando na vida". É claro que ela faz muito por mim. Acordava cedinho só pra me fazer o café da manhã antes de eu ir pra escola. Isso é só uma das milhares de coisas que ela fazia/faz por mim. Comecei a valorizá-las na ausência dela. Quando fui obrigada a fazer todas as coisas que ela fazia todo dia por nós. E o que eu descobri? Bom, não me restava tempo para ver minhas séries da Warner, sair com meus amigos e cuidar de mim mesma. Então eu, na minha iludida felicidade, achei que tinha encontrado a solução. "Vá cuidar de si mesma!" eu dizia. "Você faz tanto por nós mas o que você faz por você mesma? O que você gosta de fazer? Vá e faça." Percebi que não é assim tão fácil. Porque adultos têm sofrimentos acumulados por tantos anos, coisas da vida que eles não podem mudar e isso os deprime. Quando jovens, sonham alto e viram adultos frustrados. Já deixei de me queixar secretamente "Será que e meu irmãos não somos motivo suficiente para a felicidade dela?" mas isso é egocêntrico demais. E eu amadureci.


Desculpe
Estou um pouco atrasado
Mas espero que ainda dê tempo
De dizer que andei
Errado e eu entendo
                  Nando Reis