sábado, 17 de novembro de 2012

-Oi... você sabe quem tá falando? Não? Eu não acredito que você apagou meu número, eu não acredito. Não vou dizer quem sou.
Você desliga. Mas ele te enganou. Ele sabe quem é. Ele só queria causar uma dorzinha fazendo você pensar que até a memória do celular dele não lembra mais de você. Então ele retorna.
-Me fala quem é... Por quê? Porque eu quero saber... Ah, olha só! Acabaram de me mandar uma mensagem. Falaram que é você, Sofia. Você não mudou mesmo. Sempre me subestimando. Achou que eu não ia descobrir, né? Acontece que eu apaguei seu número depois que a gente brigou... Você tá bêbada? Vem aqui. Como assim fazer o quê? Beber, conversar, comer alguma coisa... Vem aqui, tá tendo uma reuniãozinha. Não tem problema você não estar em casa. Eu te mando o nome da rua por mensagem e você pega um táxi. Tá bom? Você vai vir?
Você diz que sim mas não aparece. Ele te liga mas você não atende. Só que você decidiu atender meia-hora depois. Sentiu saudade.
-Você me ama?
-Você me ama? - ele é tão teimoso quanto você lembrava. Se recusa a responder primeiro, como sempre fez.
Você decide fazer o mesmo maldito jogo: - Perguntei primeiro.
Mas ele sempre será ele: - Você sabe que não vou responder se você não responder antes. Você vai no meu aniversário amanhã, né?
- Você acha que eu deveria ir?
- Acho. Vou desligar.
- Por quê? Não quer gastar seus créditos comigo? - SIM EU SOU UMA CRIANÇA DE SETE ANOS.
- Não, porque eu tenho que desligar. Meus amigos vão ficar bravos se eu ficar no celular. Até amanhã.

Lembrete à mim mesma

Não se renda, não hoje. Se ele quiser, não se renda. Não seja fraca. Mostre a vaca profana que há dentro de você. Porque você sabe muito bem o que acontecerá se você ceder aos caprichos dele. VOCÊ SABE. A mesma coisa que aconteceu começo do ano. Ele vai te usar e depois largar. Vai ser um fofo mas no dia seguinte não vai ligar. E daí que ele disse que te ama? E DAÍ. Você sabe que não é verdade. Bote uma roupa ajustada e cílios postiços para ele pensar que está perdendo muita coisa.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Recaída

Dizem que quando se ama alguém, verdadeiramente, você nunca deixará de amá-la. Não importa o que aconteça. Não importa o quanto você mude. Foi então que lembrei de você, depois de algum tempo. Não lembrei com tristeza nem com raiva, mas com saudade. E eu sei que terei que superar a sua falta para conseguir me envolver com outras pessoas, no sentido de relacionamento à dois. Sim, porque minhas duas últimas tentativas falharam. Falharam por sua causa. E por minha, também. Eu te amei na hora errada. Te amei atrasada. E eu imagino se alguém irá se apaixonar por mim como um dia você se apaixonou. Estou me cuidando direitinho, assim como você me pediu na última vez que nos vimos. Mas às vezes tenho recaídas...

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O cara certo na hora errada

Gosto do jeito como você me abraça e de como me sinto protegida. Gosto de como você me beija e morde meu lábio. Gosto de como você olha pra mim e fico sem graça. Gosto da sua mão esquerda no volante e da direita na minha perna. Gosto de como você se importa comigo e me liga sempre. Gosto de quando você me chama de (minha) linda. Gosto de quando você sussurra no meu ouvido e de como isso me arrepia. Você é perfeito pra mim. Mas do que eu não gosto é de não conseguir gostar de você.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

E todas as coisas que eu quero dizer mas não consigo, são ditas milhares de vezes na minha cabeça.
O meu problema era não aceitar que tudo jamais voltaria a ser como era antes.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Depoimento (1)

Fui abusada. É difícil falar assim para tantos rostos desconhecidos mas fui abusada durante toda minha infância. E estou hoje aqui para falar de ódio. Eu cresci sendo rebelde por meus pais nunca notarem nada do que acontecia comigo. Cresci com raiva de tudo e de todos. Todos eram culpados. Aos dezessete anos saí de casa para morar com meu namorado. Eu achava que fazendo aquilo eu resolveria meus problemas... Mas me enganei. Descobri que ele era drogado, agressivo e ainda, roubava para sustentar o vício. Mas como eu voltaria pra casa depois de tudo o que eu fiz com os meus pais? Eu tinha vergonha de retornar. Então fiquei onde estava e entrei numa profunda depressão por ter que aguentar tudo sozinha. Depois de algum tempo tomei coragem para pedir perdão e meus pais me receberam de braços abertos. Numa conversa com meu pai, ele me lembrou dos meus sonhos. Os sonhos eu havia deixado para trás. Um deles era o de ser médica. Mas eu me encontrava muito abalada psicologicamente para ter entusiasmo e correr atrás do meu sonho. Até que, numa conversa que tive com um professor amigo meu, ele me disse uma coisa muito sábia da qual nunca irei me esquecer. Ele me disse que "Todo mundo tem seus sofrimentos, a sua angústia pessoal. Mas o que importa não é isso. O que importa é o que faremos com o que fizeram da gente.

sábado, 8 de setembro de 2012

Melancolia


Intrigada por ver mãe deitada naquela cama o dia todo, decidiu cutucá-la. Não tinha ninguém por perto mesmo.
- Mamãe, você está cansada da sua vida? É por isso que você dorme o dia todo, todo dia? Mamãe?
A mãe de Sofia resistia em olhá-la.
- Mamãe não está dormindo, filha. Está só descansando. Pensando na vida.
Pelo tom de voz, Sofia se lembrou de que a mãe não gostava de que a dissessem que ela passava o dia todo dormindo, ou que não fazia nada.
- Mas você não fica cansada de descansar? A professora disse hoje que o nome disse é tédio... Ela disse que as crianças da minha idade quase nunca ficam com tédio sabe, que elas só ficam com tédio quando crescem e o nome disso é adolescência. Mamãe, você tinha tédio na adolescência?
Então, pela primeira vez, sua mãe virou-se. Sofia notou que seus olhos não estavam colorados como costumam ficar quando as pessoas acabam de acordar. Acreditava mesmo que sua mãe passava as tardes pensando na vida e não dormindo. Aliás desde que haviam - ela, seu pai e sua mãe - se mudado, a mãe andara pensando muito na vida. E seu pai passara a trabalhar em outra cidade, fato este que só permitia-o visitar a família nos finais de semana. Os finais de semana eram os dias preferidos da menina pois sua mãe saía do estado de inércia e voltava ao "normal". Além disso, quando seus pais não brigavam, eles levavam-na ao parque. Se bem que uma vez eles tiveram que sacrificar esse final de semana para ir ao enterro do seu avô. E no mês seguinte, mais uma vez, seu outro avô falecera também. Depois destes acontecimentos, lembrava-se, a sua mãe pensava muito. Desvencilhou-se de seus pensamentos, quando a mãe dirigiu-lhe a palavra.
- Venha pensar comigo, Sofi.
E então deitaram-se.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Pai, quero ser aeromoça

Me lembro de ter dito essa frase ao meu pai quando tinha uns sete anos. E ele me disse que aeromoças são vadias. Não com essas palavras, mas deu a entender muito bem. Então desisti. Eu não queria ser vadia. Decidi que queria ser psicóloga, aos dez. Meu pai disse que psicólogos são loucos. E é claro, eu não queria ser louca. Como é meu último ano no colégio, tenho que decidir o que vou seguir como profissão, e isso tem me gerado muito estresse. Eu queria ser fotógrafa mas nem dinheiro pra uma câmera profissional eu tenho. Além do mais, meus pais querem que eu faça faculdade. Recentemente fiz um teste vocacional, que teve como resultado Psicologia, Publicidade e Propaganda e Jornalismo. Optei por Publicidade, que é o mais relacionado com fotografia. Mas não estou muito feliz com a minha escolha. A ideia de ser aeromoça tem me atormentado na última semana (aliás, não tinha essa opção no meu teste vocacional); tem tudo a ver comigo. Sou poliglota (requisito quase que obrigatório na profissão) e quero ainda aprender muitas outras línguas. Amo viajar (a pessoa que vos fala já rodou quase o Brasil inteiro viajando, além de já ter morado em sete cidades e dois países). Gosto de lidar com pessoas. E, sobretudo, tenho uma paixão misteriosa por aeroportos. Eu não sei o que me atrai tanto nesse lugar. Olho para as pessoas despedindo-se ou mesmo aquelas sozinhas e imagino suas histórias.
Mas ser aeromoça é só um sonho, um sonho que voa alto.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Histórias, nossas histórias

Abro a aba aqui do blog a fim de contar-lhes experiências e acontecimentos relevantes (do meu ponto de vista), mas logo depois a fecho por uma eminente lembrança das coisas que eu tenho que fazer. Sim porque ser vestibulanda e não ter tempo para nada é, vendo com meus próprios olhos, um pleonasmo absoluto. Mas estou decidida a narrar a vós, escassos leitores, algumas histórias verídicas de pessoas reais (ah vá). De onde eu conheço essas pessoas e como sei as suas histórias? O fato é que todo sábado eu participo, rapidamente, de um grupo de jovens que se reúnem durante o breve intervalo de suas vidas para contar experiências de vida, conselhos, como é o nome da vizinha, se ela é gata etc. Brincadeiras a parte, venho notando que alguns destes depoimentos são de fato uma lição de vida e superação, outros não. E por isso me creio na missão de contar os fatos importantes à vocês. Bom, este é um texto apenas com finalidade precursora do que virá (mais um maldito pleonasmo! se é precursor, é porque virá antes de alguma coisa). Ok. Aguardem.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Drogas

Era uma tarde, fria e úmida, típica da cidade onde moro. Naquela salinha do colégio em que nos abrigamos, meu (até hoje) melhor amigo, confidenciou-nos o afã de sua vida: seu pai era viciado. A primeira reação (ou seria inação?), o torpor, foi comum à nós três, ouvintes meninas de treze anos. Mas, sentadas ali, ouvindo as histórias de como era a rotina do nosso amigo, choramos. Choramos por pena, choramos por amor, choramos por compaixão. Contou-nos de como o pai dele tinha uma poupança no banco para comprar uma linda casa e de como aspirou todo o dinheiro. Ou de como ele dizia para a irmãzinha "vá para o seu quarto escutar High School Musical no último volume" quando o pai começava uma carreira de pó. Ou ainda, da vez em que ele brigou com o pai porque ele queria uma bicicleta, e no dia seguinte, quando acordou, seu pai se encontrava prostrado no chão; foi levado ao hospital e se salvou - não das drogas, mas ao menos de sua vida -. E a subsequente conclusão: "Nunca vá dormir brigado com alguém que você ama" ele nos disse. O tempo passou. Uma vez ele me perguntou "será que seremos amigos até a faculdade?" "espero que sim", respondi. "se depender de mim, eu vou te apresentar aos meus netos". De fato continuamos amigos, só que seguimos caminhos diferentes. Ele com namorada, morando um pouco mais longe, trabalhando. Continuamos a nos falar, ainda que escassamente. Nos ligamos nos aniversários (é como uma obrigação). E planejamos nos encontrar sempre no próximo final de semana, aquele que nunca chega. Ele sempre meio rebelde. Um vez inventou de ser punk, não entrava mais em shopping, raspou o cabelo dos lados e deixou um moicano roxo. Agora o negócio dele é torcida organizada do time de futebol. Briga? Briga. Já foi processado por espancar um playboy. Sempre brigou. Sempre dávamos sermões à ele. Mas ele continuava a brigar. Gosta de uma maconha ("olha o exemplo do seu pai" tentamos alertá-lo). Recentemente foi parar no hospital com parada respiratória, por fumar como uma chaminé, concluo. E isso aos dezessete. Dezessete, a idade de fazer cagadas.

domingo, 6 de maio de 2012

Meu Novo Vício

Chego na aula cinco minutos antes do sinal bater como de praxe, e tem alguém diferente sentado na cadeira ao lado da minha. Esse alguém diferente possui uma beleza que me intimida um pouco à primeira vista. Mas não me abalo. Sento na cadeira e digo "olá, tudo bem?" triunfante. Mas ele não deixa por menos e me responde com um "oi, tudo bem e com você?", no que eu só dou um sorriso. Que atrevimento me inundar desse jeito! Eu também tenho direito de prestar atenção na aula! No dia seguinte ele não pára de me olhar, isso me agrada muito. Minhas amigas comentam "nossa, você viu como ele te secou a aula inteira?" Mais algumas semanas e bilhetinhos trocados. Torna-se rotina eu querer saber dele, sair de casa ansiosa pensando "será que ele vai sentar ao meu lado hoje?". Mais outras semanas e lá se foram conversas trocadas sobre nossas futuras carreiras, nossos sonhos, nossos desejos, sobre como ele odeia São Paulo e como eu a amo. Uma indireta minha, um riso sem graça dele. Ou como fomos no exame. Às vezes eu noto, nos dias que a gente não se fala muito, que ele ele me espera na saída, nem que seja para perguntar se eu vou ficar para estudar no colégio. Entretanto essas conversas se tornam escassas, talvez porque ele saiba que me tem na mão, basta ele querer. Mas mais ainda, porque eu começo a ignorá-lo. Passo reto. Finjo que não vejo que ele me esperou na saída. Faço cara fechada. Ajo como uma legítima curitibana (piada infeliz). Preciso saber se eu também habito os mais recônditos pensamentos dele assim como ele habita os meus. Eu preciso dele. Sou dependente dele. Ele é o meu vício. A minha droga.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Olhos nos olhos



Quando você me deixou, meu bem, me disse pra ser feliz e passar bem. Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci, mas depois, como era de costume, obedeci. Quando você me quiser rever, já vai me encontrar refeita, pode crer. Quero ver o que você faz ao sentir que sem você eu passo bem demais e que venho até remoçando. Me pego cantando, sem mais, nem por quê. Tantas águas rolaram, tantos homens me amaram bem mais e melhor que você... Quando talvez precisar de mim, cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim. Olhos nos olhos, quero ver o que você diz. Quero ver como suporta me ver tão feliz.
                                        - "Olhos nos olhos" de Chico Buarque, adaptado à prosa
Em nome de todas as mulheres que sofrem de alguma maneira pela doença amor não-correspondido eu te agradeço. Obrigada, Chico.

domingo, 15 de abril de 2012

Liberdade

Quero sentir o vento no meu rosto. Pegar um metrô do centro até os bairros afastados. Ir à praia ver os surfistas esvoaçando em suas ondas. Fazer amigos em um albergue no meio das montanhas. Ter uma paixão mesmo sabendo da efemeridade. Londres? Quero ir pra Londres também. Aproveitar e conhecer a Irlanda. Que tal conhecer a Grã-Bretanha de uma vez? Quero entrar num pub sem conhecer ninguém e sair de lá com companheiros de aventuras. Quero aprender sobre a vida com o meu próprio olhar. Meus pais me chamam de louca - "UMA GAROTA VIAJAR SOZINHA?" -, me fizeram assistir "Busca Implacável" mas implacável sou eu, geminiana aventureira.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Não Consegui

Queria te agradecer por tornar minha tentativa de relacionamento com outro alguém um fracasso. Por me fazer chorar ao ver fotos suas com uma putinha qualquer ou por assistir House na T.V. Por mal dizer-me à minhas amigas. Por macular a NOSSA MÚSICA mostrando-a a outra pessoa. Por estragar a amizade que um dia tivemos. Por me fazer sentir insegura comigo mesma. E, por último, queria te agradecer por me fazer te odiar dessa maneira.
"Now all your love is wasted? Then who the hell was I?"

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Últimos dizeres acerca de ti...

Típico garotinho de dezoito anos que acha que tem o mundo nas mãos. O garotinho que usa o lema "pego mas não me apego" porque já sofreu muito por uma mulher. Mas e daí? Eu também estou sofrendo por você e não vou virar uma vadia por isso. O garotinho que largou a escola pra ser vagabundo. O garotinho que acha que promover festas é um trabalho no qual se tem futuro. Mas você não tá nem aí, você vive la vida louca. Deixa o passado pra trás, vive o presente, em busca de prazeres imediatos, e se esquece do futuro. O garotinho que usa seus problemas pessoais como vale-entrada pro mundo do desapego. O garotinho que tem uma máscara e se esconde por trás dela, mas eu posso ver quem você é, porque eu conheci seu verdadeiro eu. Mas um dia, e pode ser que esse dia nunca chegue, você vai perceber que nem tudo na vida é festa, nem tudo na vida são vícios e que nem tudo na vida são mulheres. Talvez você não perceba, mas deixa resvalar por entre os dedos pessoas que você jamais deixaria escapar se fosse um homem de verdade.