domingo, 6 de maio de 2012

Meu Novo Vício

Chego na aula cinco minutos antes do sinal bater como de praxe, e tem alguém diferente sentado na cadeira ao lado da minha. Esse alguém diferente possui uma beleza que me intimida um pouco à primeira vista. Mas não me abalo. Sento na cadeira e digo "olá, tudo bem?" triunfante. Mas ele não deixa por menos e me responde com um "oi, tudo bem e com você?", no que eu só dou um sorriso. Que atrevimento me inundar desse jeito! Eu também tenho direito de prestar atenção na aula! No dia seguinte ele não pára de me olhar, isso me agrada muito. Minhas amigas comentam "nossa, você viu como ele te secou a aula inteira?" Mais algumas semanas e bilhetinhos trocados. Torna-se rotina eu querer saber dele, sair de casa ansiosa pensando "será que ele vai sentar ao meu lado hoje?". Mais outras semanas e lá se foram conversas trocadas sobre nossas futuras carreiras, nossos sonhos, nossos desejos, sobre como ele odeia São Paulo e como eu a amo. Uma indireta minha, um riso sem graça dele. Ou como fomos no exame. Às vezes eu noto, nos dias que a gente não se fala muito, que ele ele me espera na saída, nem que seja para perguntar se eu vou ficar para estudar no colégio. Entretanto essas conversas se tornam escassas, talvez porque ele saiba que me tem na mão, basta ele querer. Mas mais ainda, porque eu começo a ignorá-lo. Passo reto. Finjo que não vejo que ele me esperou na saída. Faço cara fechada. Ajo como uma legítima curitibana (piada infeliz). Preciso saber se eu também habito os mais recônditos pensamentos dele assim como ele habita os meus. Eu preciso dele. Sou dependente dele. Ele é o meu vício. A minha droga.

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