sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Cheguei na portaria do condomínio da minha amiga. Havia um velhinho sentado num banquinho entre os portões de entrada do prédio. Ele tremia a mão apoiada na bengala e eu tentei não olhá-lo, sentia pena e tristeza. Mas enquanto eu falava ao porteiro "Mariana, do bloco B..." fui me sentando ao seu lado, inconscientemente; acho que nessa hora meu corpo falou por si próprio. Senti uma grande vontade de começar uma conversa com ele, mas ele foi mais rápido e - com a voz também trêmula-, "Calor né?" E eu, arregaçando as mangas do casaco, suando pelo nervosismo ou calor (ou talvez um pouco dos dois), respondi com um sorriso amarelo "Pois é!". Nessa hora o porteiro falou "Pode subir!" e eu levantei trêmula sem me despedir dele, tão atordoada estava. Eu queria abraçá-lo e fazê-lo feliz; desejava fortemente a felicidade dele. No elevador tentei não chorar por vergonha, mas soluçava. Apertei a campainha. Minha amiga me perguntou se eu estava dormindo antes de ir pra lá. Comecei a chorar logo depois, sentada numa cadeira, minhas amigas ao meu redor, não sabiam o que estava acontecendo. Uma delas chegou a perguntar "O que fizeram com você?" em tom ameaçador, foi então que consegui responder "Nada", entre um soluço e outro. Contei à elas o ocorrido e me acolheram, segurando a minha mão, dando-me água com açúcar e olhando-me com solidariedade. Ficamos ali em silêncio, até o sentimento passar. E cheguei à conclusão de que não olho mais um velhinho com os mesmo olhos.

Um comentário:

  1. Tenho dessas tbm as vezes,com a diferença que falo pelos cotovelos,tenho medo da velhice,não de ficar velha sab,mas de perder os que me acompanham pq eles vão partir com o tempo,morro todos os dias por dentro ao ver as mãos de minha mãe já enrugadinhas,não ligo de ficar velha,cada ano q se passa na minha vida penso ser um a menos pra lamentar,não queria ser a ultima a envelhecer.

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